A Nossa Selecção: Lições a Retirar do Euro 2012

Estamos eliminados. A nossa selecções saiu derrotada do embate contra a nossa vizinha Espanha, no jogo a contar para as meias finais do campeonato da Europa de futebol.

Contra todas as expectativas e contra todos os prognósticos, saímos derrotados nas meias finais. Contra expectativas e prognósticos porque esperávamos mais? Não, porque nenhum de nós começou por acreditar no potencial valor que os nossos jogadores poderiam ter perante o cenário avassalador dos nossos adversários, quanto mais chegar às meias finais da dita competição e estar a cinco penaltis de atingir a segunda e grande final da nossa história. É importante referir que foram cinco penaltis que nos impediram de derrotar a actual campeão da Europa e do Mundo.

A verdade é que partindo do ponto C de critica e acabando no ponto A de acreditar, fomos passando jogo a jogo e não continuámos a falar em nome do mau desempenho dos nossos representantes mas acabámos por berrar a cada golo que nos foram oferecendo. Hoje ninguém se lembra dos juízos feitos há três semanas atrás, ninguém se lembra do C. Ronaldo a ser criticado nem ninguém se lembra que entrámos na Ucrânia/Polónia com uma derrota psicológica num dos grupos mais difíceis da prova.

Perante o cenário crítico com que começámos e o cenário festivo com que acabámos, há uma panóplia de lições que podemos retirar do desempenho da selecção portuguesa e do “desempenho” dos adeptos portugueses. Estas lições aplicam-se, na sua maioria, à minha e à sua vida quotidiana, ao meu e ao seu comportamento diário. Moralidades? Coincidências? Mera sorte? Vamos ver.

1. Há coisas que só dependem de si, mesmo contra todas as forças que até deviam estar do seu lado.

Esta foi a lição que saltou mais à vista. O valor é independente das expectativas e tudo o que tem a fazer é dar o que pode. As forças de oposição podem ser muitas, por vezes de quem menos espera, mas a resposta está na sua mãos.

2. Trabalho interno e opinião externa nem sempre estão interligados.

Não é fácil interpretar o seu trabalho nem a perspectiva pelo qual o tem vindo a desenvolver. Isto não significa que o seu trabalho esteja no mau caminho, significa apenas que no mundo exterior não está a ser bem interpretado. O treinador Manuel José foi um exemplo de alguém que não percebeu muito bem o que se estava a passar, com o senhor Carlos Quiroz aconteceu o mesmo. Qual foi o resultado? As suas vozes calaram-se e ficaram os nossos gritos de golo.

3. Quando acreditamos ficamos mais fortes.

Da prestação da nossa selecção retiramos a vontade, foi ela que nos trouxe a alegria e foi ela que nos fez ultrapassar os potenciais problemas. Um colectivo forte (tal como uma equipa de trabalho forte) é meio caminho andado para derrotar alguns desafios que se oponham ao seu caminho. A comunicação e a sede de vitórias, mesmo na presença da derrota, não nos deixou nada aquém da excelente prestação.

4. A sua paixão pode ser contagiante.

É isto que nós somos, apaixonados incontestáveis. A paixão é contagiante, é um vírus que se alastra e move multidões. Se for apaixonado, não tardará a hora em que as pessoas mais próximas de si se tornem mais positivas e mais efectivas. O Fábio Coentrão fez sprints encostado à linha lateral aos 90 minutos de jogo como se estivesse no primeiro instante do jogo; o Pepe entrega-se a cada jogada como se aquele corte fosse equivalente a tirar uma bola em cima da linha de golo; o Raul Meireles tem que ser substituído aos 70 minutos de jogos porque deu os braços, as pernas e o resto do corpo ao tempo que esteve em campo; o João Moutinho é o pensador e aos mesmo tempo foi o maior destruidor de jogo adversário. Isto é resultado da paixão.

5. Os seus problemas têm mesmo a importância que lhes dá?

Dois jogos de preparação que foram muito inferiores a péssimo e os problemas começaram a surgir, pelo menos na cabeça dos adeptos. A maioria das vezes o que julga serem problemas não o são na realidade. São pequenas interpretações, erradas, do cenário que se apresenta perante os seus olhos. Antes de denominar uma situação como sendo um problema, pense e repense e tente evitar todas as condições psicológicas inerentes a um problema; essas condições perturbam o seu dia-a-dia, o seu desempenho e a sua relação com os outros.

Porque somos nós e nós somos tanto.

 

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Hugo Sousa @
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